RAINHA NZINGA

HISTORIA DE ANGOLA


NORTE-AMERICANA REEDITA ROMANCE SOBRE A RAINHA NZINGA EM PARIS


A referida obra intitulada « Nzingha, Princesa Africana » da autoria da afro-americana Patricia C. McKissack, acaba, portanto, de ser republicada, na sua versao francesa, nas edicoes Gallimard, na sua colecao Juventude.

Este novo lancamento intervem, alguns dias apos a realizacao, em Roma, na Italia, de um Coloquio Internacional sobre a Dupla Soberana.



Estalando-se sobre uma centena de paginas e traduzida do original « Nzingha : Warrior Queen of Matamba » pela Marie Saint-Dizier, este « livrinho » tem a particularidade de colocar a trama da reconstituicao romanesca sobre a princesa de Kabasa, sobre dois anos, de 1595 a 1596, periodo, crucial, da adolescencia da futura soberana de Ndongo e Matamba.


A ilustraçao da capa da obra propoe um novo pseudo-retrato da filha de Ngola Mbandi ; este, visivelmente, afro-americanizado pelo desenhador frances Henri Galeron, sob um fundo, tramado, resultando de um tecido de rafia, fotogrado pelo italiano Berezzi.


A autora desenvolve a historia da, ja, temeraria « jaga » por pequenos capitulos, permitindo, assim, uma leitura agradavel e africana do romance, com uma evolucao cronologica ligada a « mbangala », a estacao seca, a das ervas queimadas, e a plena lua .


Escrito sob a forma de um Jornal intimo, sob a pena da jovem princesa, o livro da conta da sua visao da situacao politica do seu pais e das territorios vizinhos, uma dezena de anos apos a ocupacao pelos Portugueses, de uma parte do Reino e a criacao, subsequente, forcada, sobre esta terra, da Colonia de Angola, donde partira a expansao mercantilista lusitaniana des regioes oeste da Africa central.


Encontra-se detalhes sobre varios aspectos da vida da adolescente tais como os relativos as relacoes com o seu pai, o Kiluanji, o estado do seu relacionamento com os outros membros da sua familia, a sua sede do saber, a sua formacao ao dominio dos proverbios, a sua aprendizagem a ajustar flechas, o seu conhecimento das plantas curativas, as consultas de previsao do seu futuro politico, as suas primeiras preferencias amorosas, a sua concepcao da resistencia e a atencao acordada a defesa militar do Ndongo.


AUTO-ESTIMA


Aprende-de, igualmente, a sua clarividencia politica, as suas reservas sobre o Padre italiano Cavazzi, a sua apreciacao sobre a nocividade das intrigas politicas, a sua franqueza precoce, a sua forte corpulencia fisica, a sua coragem individual, a sua insercao no sistema de seguranca do Reino e a sua aversao das campanhas de captura de escravos destinados a exportacao.


Em suma, Patricia C. McKissack, originario de Nashville, no Tennessee, genitora de um outro best-seller, « Sou uma escrava » partilha “O Jornal” da adolescente do vale do Kwanza, no exercicio de alta reapropriacao historica, de enrequecimento cultural e de auto-estima.


O merito da reedicao deste « livrinho » e, eminemente, pédagogico, porque permite aos jovens francofonos do mundo de descobrir as condicoes de formacao da extraordinaria personalidade de Nzingha-Nzingha.


Esta obra deve, naturalmente, ser traduzida em portugues, para os jovens angolanos e nao so, na senda das pertinentes recomendacoes do Coloquio Internacional sobre a Rainha, que teve lugar em Roma, na Italia, recentemente.


Esta republicacao, numa coleccao, regrupando figuras de princesas tao prestigiosas que Marie-Antoinette, a autriaca de Versailles ou Cléopâtra, a egipcia, a sublime filha do Nilo, confirma, tambem, a estatura universal da « Dona de Angolla », figura lendaria, verdadeira Patrimonio da Humanidade.


Por


Simao SOUINDOULA

Historiador / Perito UNESCO